Quando Contágio (2011) foi lançado, muitos não entenderam o seu real propósito, de alertar e preparar a todos, o que estava por vir. Vale lembrar que na época, o filme dividiu opiniões e gerou alguns comentários de que “faltou algo a mais”… Deixando ele no rol de “mais um filme para conta”.
Mas o que ninguém esperava é que 10 anos depois, ele faria todo sentido no cenário atual da pandemia que estamos vivendo. Desde descoberta do vírus, até suas consequências e a reação da sociedade.
Será que a vida imita a arte? Como o filme previu os vários acontecimentos? Qual principal mensagem e o lição do filme?
Então senta que vem análise completa do filme Contágio (2011) aqui no Questão “D”.
Disclaimer!!!
Atenção!!! Tudo que for tratado aqui no blog como sintomas e dinâmica do vírus, será a partir do enredo de Contágio (2011). Logo, o que você vai ler a seguir, é apenas uma análise do filme, com spoilers, e o que podemos aprender com ele. Então, se você quiser saber mais detalhes sobre Covid-19. Acesse os sites oficiais com as informações atualizadas. Tudo bem?
Chega de delongas, e vamos ao nosso post!
Contágio (2011) | Resumo do Filme
E tudo começa quando em alguns lugares do mundo, pessoas começam a passar mal (do nada), entram em estado de convulsão e (algumas delas), morrem ao chegarem ao hospital. E as primeiras vítimas são:
- Beth (Gwyneth Paltrol) em Minesotta
- Li Fai (Chui Tien-you) em Kowloon – uma área urbana de Hong Kong
- Irina (Darja Strokous) em Londres
- E um homem em um ônibus (Yoshiaki Kobayashi) em Tóquio, Japão.
E o que chama atenção dos médicos são os sintomas quem não correspondiam com as doenças registradas nacionalmente e internacionalmente. E ficam mais preocupados quando descobrem que todos eles estiveram em Hong Kong nos últimos dias…
Com isso, a narrativa do filme é focada nas seguintes perguntas
- Que doença é essa?
- Que vírus é esse?
- Qual sua verdadeira origem?
- Qual seu período de reprodução?
- Quem é o paciente zero?
Assim, os fatos são apresentados dentro de um intervalo de 135 dias. Sendo que, o filme começa com o 2º dia. Pode até parecer estranho, mas essa dinâmica foi proposital e já, já falo por quê.
E durante esse período lidamos com diversos cenários delicados demais como o surto coletivo, o negacionismo de empresários, as diferenças sociais, o charlatanismo, entre outros.
Mas o ponto focal do filme é o CDC (Centro de Controle e Prevenção de Doenças). Afinal, eles que estão recebendo os registros desses (e de outros) óbitos e então precisam investigá-los.
E após a autópsia de Beth (Gwyneth Paltrow) e de outros pacientes, eles perceberam que estavam lidando com uma doença desconhecida. E é aí que descobrem o MEV-1, um vírus que causa Encefalite (inflamação no cérebro) aguda e convulsões – e que destrói os sulcos do cérebro. Bizarro né?
E devido a doença se espalha em um curto espaço de tempo, é dado início as medidas protetivas e as investigações para mapearem o vírus responsável e descobrirem sua origem.
O Vírus MEV-1 Não Existe na Vida Real
Você lembra que falei no início do post que o propósito do filme era ser didático? Já que o foco era mostrar como é a dinâmica de estudos, descobertas e combates de doenças, nada mais justo que criarem um vírus com características específicas.
E você sabia que o filme passou por uma consultoria e que o roteiro teve 30 versões?
Isso mesmo, em entrevista à rádio NPR, nos EUA, o roteirista Scott Burns, contou que seu objetivo principal era criar um surto próximo do real e sem os exageros hollywwodianos. Por isso, criaram um vírus plausível para mostrar como seria o cenário do sistema de saúde diante do problema – ou seja, uma espécie de simulação.
Por isso, que só descobrimos nas cenas finais como foi que tudo começou. Lembra que mencionei no tópico anterior que o filme começa a partir do 2° dia e que foi proposital?
Pois é, como a narrativa do filme é a partir da visão da descoberta científica, eles deixam a origem do vírus para o final, que reforça tudo aquilo que aprendemos sobre vírus em biologia e nos documentários sobre epidemias.
Sendo que muitas das doenças infecciosas são passadas dos animais para os humanos. Assim, quanto mais próximos eles estiverem, mais chances de pegarem o vírus.
Mas Dandy… então eu não posso chegar perto de animais…?
Calma, não é bem assim. Até porque existem procedimentos que ajudam nesse cuidado. Tanto com os animais domésticos, quanto quem trabalha com a pecuária, como as vacinas. Então se esse acompanhamento está em dia, as chances de contaminação são reduzidas.
Mas Dandy… Mas por que muitas doenças acontecem na Ásia?
Bom segundo Laurie Garret, uma das consultoras do roteiro de Contágio (2011), o desmatamento e as mudanças climáticas são um dos grandes responsáveis pela perturbação de morcegos. E como não existe um controle de vacinação a esses animais silvestres, eles reúnem uma grande quantidade de vírus, assim como os pássaros.
Inclusive, isso é retratado na cena final, quando um barco da empresa AIMM – Alderson está desmatando uma área e os pássaros e morcegos começam a fugir.
Logo em seguida, temos um morcego que pega um pedaço de uma banana e voa até um alojamento de porcos. E um pedaço dessa banana contaminada pela saliva cai e um dos porcos comem.
Então o porco contaminado é comercializado, e o chefe de cozinha que estava tratando dele, não lava as mãos para falar com a Gwyneth Paltrol. Ele toca em suas mãos… e ela é infectada.
Inclusive tem uma cena no filme que a Dra Ally (Jennifer Ehle) comenta durante o estudo do sequenciamento do vírus MEV-1, em que ela diz que corresponde com os de um porco e de um morcego e ela comenta: “em algum lugar, o porco errado encontrou o morcego errado”.
E vale lembrar que existem dois tipos de vírus: o DNA e o RNA. Enquanto o primeiro as chances de mutação são mínimas, o segundo sofre mutação constantemente, o que dificulta seu mapeamento – é o caso do MEV-1 que sofre mutação no filme, ao contaminar um paciente com AIDS.
E você sabia que o vírus da gripe é o que mais sofre diversas mutações? Isso mesmo, ou seja, o vírus que alguém pega hoje, não será o mesmo caso seja contaminado novamente. Por isso, que é importante estar atento com seus sintomas, porque ele pode atacar os pulmões, caso não procure um médico a tempo.
Inclusive, o documentário Pandemia (2020) da Netflix, mostra todos os detalhes de como é a rotina de monitoramento das doenças infecto contagiosas, junto aos centros de saúde – que precisam enviar relatórios diários. A qualquer registro atípico, as médidas protetivas precisam ser acionadas.
Mas Dandy… Quais cuidados eu preciso tomar?
Bem esse é um assunto do nosso próximo tópico.
Contágio (2011) | Por Que é um Filme Didático?
Se você jogar no Google o termo Contagio Filme, o que mais você vai encontrar são artigos que o chamam de um filme profético. Até porque, por mais que o vírus MEV-1 seja fictício, as suas características são semelhantes ao cenário do covid-19 como:
- O vírus atacar as vias respiratórias
- Não tocar no rosto sem antes lavar as mãos
- A importância distanciamento social
- A resistências das autoridades
- As Fake News
- A procura por medicamentos sem eficácia
- Além da jornada da contaminação do vírus.
Inclusive eu confesso que assisti Contágio (2011) fazendo anotações, porque há muitas informações, detalhes da rotina e termos técnicos sobre sua contaminação. Veja algumas delas abaixo:
- Fômites: é a transmissão do vírus a partir de superfícies como maçanetas, corrimão, botão de elevador, portas de vidro, entre outros.
- R-Zero: é o termo usado para analisar a taxa de reprodução do vírus. Ou seja, para cada pessoa infectada, quantas outras é provável que adoeça? Inclusive a Dra Erin (Kate Winslet) dá alguns exemplos no filme como Poliomielite (antes da vacina) que a cada pessoa infectada, 4 ou 5 adoeciam. A varíola, a cada pessoa infectada, 3 adoeciam. Okay?
- Período de incubação: cada vírus possui particularidades, assim como o órgão que ele afeta diretamente.
- A importância de investigar a Origem e o Sequenciamento para descobrir a cura.
- A Hierarquia da Biossegurança: que é classificada conforme o risco de contágio e seus agentes infecciosos. Ele começa pelo Nível 01, que é de baixo risco de contágio e vai até o Nível 04, que é de extremo risco de contágio, e a sua segurança máxima.
- Mutação do Vírus: que além de mudar o sequenciamento do vírus, ele assume outras características no corpo humano.
E é interessante como o filme trouxe tudo isso dentro de uma linguagem compreensível, tirando um pouco das dúvidas que pairam sobre essa jornada de contaminação.
Contágio (2011) | O Surto Coletivo no Filme
Será que a vida imita a arte? Então me responde nos comentários: Você assistiu Contágio no ano que ele foi lançado em 2011? Você achava um absurdo a acreditarem em Fake News?
Eu confesso que assisti ao filme recente, e fiquei chocado que tudo que é retratado no filme, está acontecendo hoje.
E as teorias da conspiração é uma delas, que aqui é liderada por Alan Krumwied (Jude Law), um jornalista freelancer que publica em seu blog informações sem base científicas e um medicamento sem eficácia.
E o mais bizarro é que ele afirma que a indústria farmacêutica quer ganhar dinheiro em cima da cura. E que foi contaminado pelo MEV-1 e curado por um remédio homeopático. Só que ele não contava que seria preso por estar cometendo um crime sanitário e que descobririam que ele nunca foi contaminado.
Como assim Dandy?
Simples, o Alan em seu blog desacreditava as medidas protetivas divulgadas pela OMS e pelo CDC, e em seguida vendia um tal medicamento milagroso. E essa irresponsabilidade tirou várias vidas de pessoas queridas, que acreditaram nele… Como suas declarações estavam registradas na TV e Internet, ele é preso.
E é nesse momento que descobrem toda a farsa. Pois depois de realizarem exames de sangue, descobrem que ele nunca foi infectado e que não havia presença de anticorpos do MEV-1 em seu organismo. Enfim a hipocrisia… né?
Existe uma cena que merece ser mencionada que é a contaminação proposital. Oi? Como assim?
Isso mesmo, no filme alguns infectados querem contaminar outras pessoas de propósito. E isso acontece com o personagem MItch (Matt Damon) que vai até o supermercado com sua filha, mas ele está sendo saqueado – como outros estabelecimentos da cidade.
E na tentativa de encontrar algo para levarem, eles dão de cara com uma mulher que está muito mal, e ela tosse na frente deles e tenta tocar neles para contaminá-los. E por mais absurdo que isso pareça, infelizmente isso acontece na vida real.
Inclusive tenho amigos que trabalham em supermercado e varejo que foram contaminados por clientes que tossiam de propósito em cima deles. Então, o filme faz esse alerta, por isso tenha cuidado.
Mas apesar da consultoria e do filme ser didático, não podíamos deixar de falar sobre alguns auges do filme, que quando você assiste você pensa: Oi?
Quer descobrir quais são esses absurdos? Então ouça o Podcast da Análise do Filme Contágio (2011). Nele eu comento sobre os 04 auges do filme e você pode ouvir logo abaixo. Coloque o fone ouvido e aperte o Play!
Viu como Contágio (2011) é um filme necessário? Afinal, pois tem uma narrativa analítica, simula cada um dos cenários presentes em uma pandemia, além de ser um alerta. Por isso, não espere uma jornada do herói como estamos acostumados a ver nos cinemas. Ele é pés no chão sobre assunto.
Não é à toa que a Dra. Erin (Kate Winslet) é infectada e infelizmente morre… Vale lembrar, que ela estava coordenando as investigações, as medidas protetivas e a implantação do Hospital de Campanha em Minesotta.
E este é um dos personagens que vestiu a camisa do cuidado em todas as fases. Tanto que ao descobrir que estava infectada, a primeira coisa que ela faz é pedir a lista de pessoas que estiveram no quarto do hotel e que tiveram contato com ela. Para entrarem em quarentena.
E você ficou surpreso com o destino de Kate Winslet no filme?
Deixe seu comentário e me conta com foi sua experiência com Contágio (2011) de Steven Solderbergh.
Compartilhe esse post com aquele seu grupo que gosta de filmes, e vamos fortalecer o debate sobre a mensagem do filme Contágio (2011).
Até o próximo post!!!