Como Tadeu Ramos prova que teorias atrapalham um date, e que tudo se resolveria com uma conversa... ou um donuts por conta da casa.

Romance para Viagem, de Tadeu Ramos, é aquele tipo desencontro amoroso que você vai pensar: “Hummm… já passei por algo parecido“. Afinal, quem nunca, em uma fase da vida, teve aquele crush que brilhava seus olhos, mas nunca deu o primeiro passo, porque ficava imaginando o possível “fora” que iria levar? Então chegava a conclusão que era melhor deixar quieto.

Será que esse comportameto é efeito dos aplicativos de relacionamento e das redes sociais? Em que é mais confortável dar uma stalkeada no crush e só agir quando o terreno estiver “possivelmente” seguro? Mas será que essa prática realmente funciona, em tempos de que todo mundo só mostra o lado bom da vida online?

É exatamente isso que Tadeu Ramos questiona em seu conto de estreia, Romance para Viagem. E o tema tem tudo a ver com a bagagem do autor. Tadeu é Social Media e Produtor de Conteúdo Digital Cultural, com uma atuação forte no cenário LGBTQIAPN+, além de trabalhar com assessoria de imprensa.

Foto de Perfil do Autor Tadeu Ramos. Ele está olhando e sorrindo para a câmera. E vestindo uma camiseta preta | Romance para Viagem | Questão D
( Autor Tadeu Ramos | Fonte: Acervo Pessoal do Autor)

Inclusive, tanto no Instagram quanto no site canaltadeuramos.com.br, ele compartilha estreias de espetáculos teatrais de São Paulo, listas de filmes LGBTQIAPN+, entrevistas e várias dicas culturais. Também é o host do podcast autoral “PodProvocar?”, onde cada episódio traz um convidado para debater temas do universo LGBTQIAPN+. Vale à pena dar uma maratonada e conhecer mais sobre o trabalho dele!

Ufa! Percebeu como o Tadeu tem uma bagagem cheia de insights sobre comportamentos super comuns na comunidade LGBTQIAPN+?

Afinal, Daniel e Ariel são dois jovens gays que, em um dia chuvoso qualquer, vão viver aquele frio na barriga de estarem frente a frente com o crush. Mas, ao invés de tomarem uma atitude, eles preferem… stalkear um ao outro! Só que tem um detalhe: tudo o que enxergam um do outro é interpretado da forma mais errada possível.

Você já passou por algo parecido? Você é daqueles que cria mil teorias na cabeça sobre o crush? Então vem comigo e descubra por que Romance para Viagem deve entrar na sua lista de comédias românticas LGBTQIAPN+ favoritas.

Preparado? O Questão D tá On!

“Parados, frente a frente, os cachos de Daniel são mais lindos de perto, e o olhar dele é tão profundo que poderia me perder por horas.” (Ariel)

Romance para Viagem: Era para ser apenas um Café…

Quem nunca teve aquele dia que não começou muito bem? O chefe mandando mensagem logo cedo, descobrir que está sem luz em casa, e ainda por cima esqueceu de comprar café no supermecado… É um caos antes mesmo do dia começar que se diz né?

E se você é do tipo que acorda de mau humor, já imagina que o resto do dia vai seguir essa vibe, não é? Pois é exatamente isso que acontece com o Daniel, um redator freelancer que, de última hora, é chamado para escrever um artigo para um cliente que ficou com desfalque em sua equipe. Sem luz no prédio e sem café em casa, ele decide ir a uma cafeteria para fazer sua primeira refeição do dia e aproveitar para trabalhar.

O lugar escolhido? A Cafeteria Baronesa, que é mais tranquila e perfeita para ele focar no texto – ou seja, é o que tem pra hoje. Mas será que o dia dele poderia melhorar? Olha, até poderia, até começar a chover quando Daniel estava no meio do caminho. Como fome, estressado e sem guarda-chuva, tudo que ele tinha era um moletom com capuz roxo, presente de seu último ex…

Começar o dia com chuva para alguns, é sinônimo de mudanças de planos e atrasos, mas não para Ariel, o funcionário da cafeteria, que chegou no horário para abrir o local. E ao contrário de Daniel, Ariel faz o possível para que seu dia seja sempre o melhor possível, driblando os problemas sem reclamar.

“Vejo Cachinhos entrando na lanchonete. É o apelido que dei a ele, mas agora não está tão volumoso como de costume por causa da chuva.” (Ariel)

E assim que a cafeteria abre, Daniel chega com aquele humor maravilhoso (só que não), mas tudo muda quando ele dá de cara com Ariel, que o recebe com um sorriso tão receptivo que o deixa desconfortável. E não é à toa… Daniel já o vinha observando há algum tempo.

O interessante é que Ariel também percebe logo que o dia de Daniel não está sendo dos melhores – até porque ele também já o observava há um tempo. E como os dois são os únicos na cafeteria, por conta da chuva, esse seria o momento perfeito para finalmente se conhecerem. Só que… não.

Apesar do interesse mútuo, nenhum dos dois tem coragem de tomar a iniciativa, já que Daniel acha que Ariel é comprometido, e Ariel acha a mesma coisa sobre Daniel. Mas e aí, como tirar essa dúvida sem deixar escapar essa oportunidade de se conhecerem?

Será que um donut por conta da casa ajudaria a quebrar o gelo? O que você faria no lugar de Ariel, sem deixar de ser profissional? Me conta lá no Instagram, tô curioso pra saber!

“O que eu desejava, na verdade, era ele. Acho que é comprometido, mas tenho uma queda por ele faz um tempo. É sempre gentil e atencioso com todos os clientes, parece que tá sempre de bem com a vida. Ah, tá legal, e é gostoso pra caramba.” (Daniel)

Stalkear e Coçar… É só Começar?

Um dos pontos altos de Romance para Viagem é a fic que Daniel e Ariel criam um pelo outro. E o mais louco é que isso não está nem um pouco distante da realidade viu?

Afinal, quem nunca achou que o amigo do crush era o namorado e decidiu que não valia a pena fazer papel de trouxa? Ou fingiu estar super ocupado com uma tarefa, só para tentar ouvir uma conversa para descobrir mais sobre ele? Fofoqueira!

Olha, particularmente, eu não vejo problema algum em dar uma stalkeada básica, até porque faz parte do jogo. Mas se você chegar no mesmo nível de Baby Rena… aí já é um sinal de alerta, viu? Porque observar é uma coisa, ser obsessivo é outra bem diferente. Então, vamos com calma!

Agora, imagina gastar um tempão observando seu crush e interpretar tudo errado? Pois é exatamente o que acontece com Daniel, que acha que o amigo de Ariel, Caio, é um namorado tóxico, só porque ele já passou por isso antes. Parece até que ele assistiu muito CSI e tentou aplicar tudo o que viu de maneira completamente errada.

“Mais bizarro ainda é esse cara inventar o nome do Ariel. Claro que existem meninos com esse nome, mas a gente tá no Brasil, então, quais são as chances?” (Daniel)

E do outro lado, o Ariel está lá, fofocando com o Caio sobre seu crush em Daniel, mas sua cara fechada o impede de tentar se aproximar. Resultado? Ele fica imaginando que tem zero chances de conhecê-lo, achando que eles são de mundos completamente diferentes. Mal sabia ele que o Daniel estava stalkeando seu Instagram enquanto tentava ouvir sua conversa.

E você, também sofre por antecipação quando o crush entra em cena, igual ao Daniel e Ariel? Você acha que as redes sociais e os aplicativos de relacionamento dão uma falsa sensação de segurança, e que são responsáveis em mudar a forma como você interage no ao vivo?

Eu confesso que, desde que diminuí o uso das redes sociais e parei de usar aplicativos de relacionamento, minhas interações com as pessoas melhoraram e passei a prestar mais atenção em tudo que está ao meu redor. Além disso, percebi que me tornei mais seguro, porque antes usava o celular como uma barreira para evitar interações. Inclusive foi a melhor coisa que fiz.

Claro, isso não é uma mudança que acontece do dia pra noite. E sim, é um processo que você vai vencendo aos poucos, mas que precisa dar o primeiro passo. E outra… Saiba que sentir aquele frio na barriga antes de tomar uma atitude é super normal, faz parte do jogo. E sem contar que você não vai ficar com aquele sentimento de arrependimento de não ter tentado.

Vale lembrar que por mais que tudo isso pode pareça simples, não podemos esquecer que, no contexto LGBTQIAPN+, as coisas mudam um pouco. E é exatamente sobre isso que vamos falar no próximo tópico.

“As fotos são uma mistura de selfies muito bem fotografadas, como algumas fotos da lanchonete e de livro. Se o Caio não estivesse na jogada, ia investir a fundo nesse Ariel.” (Daniel)

Eles tinham um Crush e um Sonho…

Quem nunca se interessou por alguém e ficou só observando antes de criar coragem para chegar junto? Isso é super normal, né? O problema é quando você interpreta tudo errado sobre a pessoa e acaba achando que nem vale a pena arriscar, porque o fora parece certo.

Você deve estar pensando: “Ué, por que não chega logo e tira a dúvida de uma vez?” Seria bem mais fácil e prático, e acabaria com aquele sofrimento por antecipação. né verdade?

Mas quando você coloca isso dentro da realidade LGBTQIAPN+, a coisa muda um pouco de figura. Apesar de tantas conquistas de direitos e espaços à comunidade, ainda existem muitas limitações na sociedade que bloqueiam algumas destas coisas simples da vida.

Afinal, ainda vivemos em uma sociedade conservadora, em pessoas LGBTQIAPN+ são violentadas, físicamente e psicologicamente, desde cedo, só por serem quem são. Então, um simples flerte, que deveria ser algo leve, natural e saudável, acaba ganhando um peso diferente dentro desse cenário.

Lembra que no começo do artigo eu falei sobre a insegurança do Ariel e do Daniel? Pois é, ela não é só efeito das redes sociais ou dos aplicativos de relacionamento, mas sim de uma questão de “segurança” para quem é LGBTQIAPN+.

“Acho que de todos foi o único que não curtiu esse meu lado. Fazer o que, nem tudo pode ter um final feliz.” (Ariel)

Por isso, um flerte em público pode se tornar uma situação completamente diferente, e esse histórico triste impacta o comportamento de todo mundo. Principalmente quem já foi vítima de bullying, ou de homofobia, e que carrega esse trauma e desconfiança em sua vida.

Um exemplo recente que ajuda a ilustrar esse cenário, é a série Heartstopper. Em que na primeira temporada, você vê o Charlie (Joe Locke) e o Nick (Kit Connor) lidando com seus medos e inseguranças antes de finalmente assumirem o que um sentia pelo outro, e a viver esse sentimento. E na segunda, quando o Charlie conta ao Nick sobre os traumas do bullying que sofreu por ser gay, ele fala que achava que seria diferente e que as pessoas seriam mais de boa, mas percebeu que não foi bem assim…

Então a partir desse contexto, é compreensível como alguns caras preferem observar muito o terreno, antes de prosseguir, como Daniel Stalkeando o Ariel no Instagram e tentando ouvir a conversa dele com um amigo – e interpretando tudo errado.

Assim como, existem caras como Ariel, que são bastante criativos na hora de se arriscar. E vamos ser sinceros? Ele mandou muito bem com a estratégia do copo, para descobrir o nome do Daniel. Uma pena que ela foi por água a abaixo, porque ele esqueceu de continuar com o plano. Mas para não dar muita mancada, ele jogou a carta do donut de cortesia. Uma “plano B” sem intenção, mas que deu certo, porque ele conseguiu chamar a atenção de Daniel.

Uma coisa é certa: gostei do Ariel. Ele se arriscou e foi criativo com aquilo que estava ao seu alcance, então ele ganhou vários pontos. Você embarcaria nesse Romance para Viagem com Ariel? Me conta lá no instagram.

“Deus proteja minha camiseta da Ginger Spice. Amo essa camiseta, mas ela está pequena, e deixa minha barriga à mostra. Já conquistei alguns corações assim, não vou negar.” (Ariel)

Romance para Viagem é esse tipo de conto leve e divertido, que vai te arrancar umas risadas e te fazer lembrar de momentos parecidos que você já viveu. Ou, quem sabe, você até se questione: “E se fosse comigo, eu faria o mesmo?” Talvez você se identifique com os personagens.

Particularmente, já fui que nem o Daniel, de observar demais e perder algumas oportunidades. Mas não cheguei no nível de criatividade de Ariel, eu não fico só no platônico.

E você? Quem seria no Romance para Viagem da vida real? Ariel ou Daniel? Me conta lá no Instagram, tô curioso pra saber!

Ah, e compartilhe esse artigo com aquele crush que curte comédia romântica aquileana. Quem sabe ele não te nota?

Até o próximo post! 😉

Ficha Técnica

Título: Romance para Viagem
Gênero: Romance Aquileano
Autor: Cássio Cipriano
N° de Páginas: 40
Idioma: Português
Formato: Epub (Kindle)
Classificação Indicativa: A12
Data de Publicação: 10 de fevereiro de 2022
Onde Comprar: Amazon

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Dandy Souza

Web Designer e Videomaker. Sou um caçador de "easter eggs"e ativista da cultura pop. Criei o "Questão D" para mostrar que sci-fi, terror e o suspense são gêneros que além de entreter, têm um papel social interessante e fora da curva.Seja bem-vindes, porque o Questão D tá On!
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